OS PODERES "MÁGICOS" DO YOGA

Certa vez, perguntaram a Ramana Maharshi se era verdade que os yogis tinham mesmo alguns poderes meio “mágicos”, entre eles o de devolver a vida a um morto ou até mesmo de ressuscitar. Ramana resumidamente disse que sim, que era verdade, mas que nunca pedissem isso a ele, pois ele não tinha, e nem queria, qualquer poder.
Em sua sabedoria, ele diz que todos os grandes reis e estadistas, de tempos passados e de agora, sempre lutaram pelo poder, tentando governar outros, quando não conseguem governar a si mesmos. Segundo Ramana, o verdadeiro poder pertence somente àquele que sabe governar a si mesmo, seguro de que aquilo que não está dentro de si, não pode vir de fora.
Nos Yoga-Sutras, o sábio yogi Patañjali nos ensina que os poderes nunca são a meta, mas apenas pequeninas e praticamente insignificantes vias de reconhecimento, os quais devem ser, ao seu devido tempo, totalmente descartados.
Pessoalmente, penso que falar sobre poderes que racionalmente beiram a ficção sempre confere um ar de mistério e igualmente de descrença em relação a algumas práticas do Yoga. Ao mesmo tempo, essa tendência não traz nenhuma informação nova e, a longo prazo, somente serve para afastar as pessoas lúcidas e inteligentes que buscam o Yoga para descobrir poderes mais "simplezinhos", como, por exemplo, se conhecer melhor para viver melhor, respeitando e convivendo pacificamente com todos os demais seres e a natureza.
Se pudéssemos viabilizar apenas essa realidade, esse seria o maior e mais poderoso de todos os poderes imagináveis, pois ao invés de ressucitarmos os mortos, celebraríamos uma vida justa e feliz para todos; ao invés de podermos caminhar sobre as águas, simplesmente teríamos água potável em abundância para alimentar e manter a vida em harmonia.
Nas palavras lúcidas de ​​Thich Nhat Hanh:
"Milagre não é andar sobre as águas ou nas nuvens, mas dar cada passo consciente."