O INÍCIO DO FIM DO SOFRIMENTO

Na Filosofia Yoga, o coração é considerado o quarto centro psicoespiritual (chakra) - numa escala de sete centros principais -, denominado Anahata, e detém uma especial representação.
De acordo com os ensinamentos do Yoga, é somente no nível do coração que os objetivos e os impulsos verdadeiramente humanos são despertados. A natureza especificamente humana do ser, sua transformação num legítimo Ser Humano, se dá a partir do despertar de Anahata. Antes disso, agimos como animais sublimados, dedicando nossa existência à sobrevivência e aos seus instintos básicos.
Quando em comparação ao Anahata, observamos que nos três centros básicos - respectivamente Muladhara, Svadisthana e Manipura -, a personalidade do indivíduo se caracteriza por um torpor psicoespiritual, sem inspiração, sem iniciativa, sem autonomia. Suas realizações giram ao redor da conquista dos prazeres sensuais / sexuais, do consumo, do poder, da violência, do subjugo, das superstições - tudo muito parecido com o caótico quadro socio-cultural que vivenciamos e conhecemos tão bem. Porém, apesar de seus aspectos basicamente inferiores, esses três centros não devem e não podem ser negados, anulados, sufocados ou bloqueados; devem, isso sim!, ser transcendidos na medida em que são subordinados e passam a servir ao centro do coração.
Quando nos encontramos no nível do coração, despertamos para nossa natureza humana ligada à compaixão e ao altruísmo. A esse respeito, diz o mitólogo Joseph Campbell:
"O quarto centro está na altura do coração e é o da abertura para a compaixão. Aqui você transita do campo da ação animal para um campo que é propriamente humano e espiritual. (...) quer dizer, o nascimento do homem espiritual a partir do homem animal.(...) E isso acontece quando, no nível do coração, você desperta para a compaixão, sofrimento partilhado: participação efetiva no sofrimento de outra pessoa. É o início da humanidade."
O psicólogo Daniel Goleman acrescenta:
"O quarto chakra, no centro do peito, perto do coração, representa o amor altruísta e o cuidado para com os outros. O amor puro de uma mãe por seu filho vem do quarto chakra. Mas o amor do quarto chakra não é romântico; ao contrário, ele se combina com um desapego clarividente que leva à compaixão."
É importante ressaltar que é a partir do centro do coração que a essência do Yoga começa a se revelar ao aspirante. É o princípio da integração e da emancipação. É o estágio que impele o praticante à ascensão voluntária e voluntariosa. É o início da compaixão sem fronteiras, da busca altruísta da renúncia e do desapego. É, portanto, o início real da união (yoga).
É o início do fim do sofrimento.