O CONFORTO DE VIVER NA IGNORÂNCIA

Nesse exato momento, muitos de nós desejaríamos não ter tido que saber sobre alguma coisa ou fato. Várias vezes, já me peguei pensando que tem coisas que é "melhor" a gente não saber. É que viver no território da ignorância não é nada mal. Pelo menos, até a gente descobrir que é ignorante. Aí, as coisas mudam de figura. Ou não.
Veja que não estou me referindo somente ao aspecto intelectual da ignorância, mas a tudo aquilo que, por mais comum e corriqueiro que possa parecer, nós ainda não sabemos. De fato, estou falando das pequenas ignorâncias do nosso dia-a-dia, daquelas ignoranciazinhas que parecem não trazer nenhum problema ou consequência. Porque as grandes ignorâncias, aquelas que gritam na nossa cara, as supremas ignorâncias históricas, essas a gente vai, mais cedo ou mais tarde, ter que reconhecer. Mas as miudinhas podem persistir absurdamente, durante anos, sem que a gente sequer se dê conta disso.

Há também os jeitinhos que arranjamos para fazermos de conta que não sabemos aquilo que sabemos e que se tornam até comuns na vida de todos nós, pois parecem inofensivos e até inocentes. São quase uma polida maneira dissimulada de ser e de viver. 

Fazer vistas grossas é um ditado antigo, mas que parece apropriado para definir situações em que a gente sabe, mas faz de conta que não sabe. A gente tem consciência da "coisa", mas finje que é ignorante. Afinal, muitas vezes é mais confortável viver na ignorância.