CHAKRAS - CENTROS DE DESENVOLVIMENTO PSICOESPIRITUAL


No Yoga, de forma geral, há um sistema que descreve os estágios do desenvolvimento psicoespiritual do ser como sendo formado por sete centros, denominados chakras (em sânscrito, “rodas”). Esses centros são também conhecidos como padmas (em sânscrito, “lótus”).
Esses sete centros psicoespirituais estão distribuídos ao longo da coluna vertebral, desde sua base e até o topo da cabeça. Devido à sua forma circular e espiralada ao redor da coluna, sua representação é a de uma serpente que jaz adormecida no último chakra, que se inicia na base da coluna, esperando o momento de ser despertada para iniciar sua escalada rumo ao topo da cabeça (que alguns textos dizem não ser exatamente um chakra, por ser aberto e/ou vazado na parte superior). Por esse motivo, ela é chamada de Kundalini, a “enrolada”. Enquanto “dorme” no último dos sete centros do corpo, ela deixa os outros seis desativados. Portanto, o objetivo das técnicas de Yoga é fazer despertar a serpente, fazer com que ela erga sua cabeça e comece sua ascensão.

Analogamente, o despertar da Kundalini marca o início do despertar espiritual do aspirante. Essa significação também representa planos psicológicos de interesse, consciência e ação. Para cada um dos sete centros, correspondem estados de consciência cada vez mais elevados e sutis.

O verdadeiro yogi vai galgando esses estágios espirituais e de consciência de forma perseverante, através de sua prática constante e ininterrupta. O resultado de todo esse empenho chama-se Samadhi, ou iluminação, que é a meta de todos os sistemas legítimos de Yoga e ao qual Kundalini está irremediavelmente associada. Portanto, todos os variados tipos de Yoga estão, em maior ou menor grau, ligados ao sistema Kundalini.

Abaixo, apresento uma breve descrição da localização e do significado dos sete chakras principais, que são:

1) Muladhara, que significa “fundação, a base raiz”. Localiza-se no plexo pélvico, na região entre o ânus e os genitais, na base da espinha dorsal, entre as três primeiras vértebras. É um lótus de quatro pétalas;

2) Svadhisthana, que significa “lugar ou morada do ser”. Localiza-se no plexo hipogástrico e no nível dos órgãos genitais. É um lótus de seis pétalas;

3) Manipura, que significa “cidade das gemas” ou “cidade da jóia resplandecente” . Localiza-se no plexo solar, no centro epigástrico, na região do umbigo. É um lótus de dez pétalas;

4) Anahata, que significa “não golpeado, não tocado”. Localiza-se no plexo cardíaco, na região do coração. É um lótus de doze pétalas;

5) Vishuddha, que significa “purificação”. Localiza-se no plexo laríngeo, próximo à carótida. É um lótus de dezesseis pétalas;

6) Ajña, que significa “autoridade, comando, poder ilimitado”. Localiza-se no plexo pineal, um pouco acima das sobrancelhas e entre elas. É um lótus de duas pétalas;

7) Sahasrara, que significa “o de mil pétalas”. Localiza-se no topo da cabeça. Como o nome já diz, é um lótus de mil pétalas.

Quanto à natureza anatômica dos chakras, as opiniões se dividem, uma vez que alguns estudiosos entendem que eles estão localizados no corpo físico, nas regiões determinadas pelos plexos e órgãos correspondentes, enquanto outros os entendem apenas como centros de energia sutil, sem localização determinada no corpo físico.

Nesse sentido, é interessante acrescentar o depoimento de Georg Feuerstein, ao comentar sobre a dificuldade da ciência ocidental para encontrar explicações para certos fenômenos, como o despertar da Kundalini:

“Enquanto a ciência ocidental ainda se debate para encontrar explicações para fenômenos como os meridianos da Acupuntura, o despertar da Kundalini e a fotografia Kirlian, os yogins continuam explorando e desfrutando da pirotecnia do corpo sutil, como têm feito há centenas de gerações. Algumas de suas idéias já fertilizaram as atuais pesquisas pioneiras que se fazem sobre a bioenergia, e, na minha opinião, será somente uma questão de tempo até que o novo paradigma científico crie um modelo amplo dos campos bioenergéticos, que nos ajudará também a compreender e a adquirir domínio sobre algumas das práticas mais estranhas.” ("A Tradição do Yoga", p. 428)